Do barro à pedra: como René Mayer dá vida às suas esculturas de mármore e granito
René Mayer é um artista suíço conhecido pelas suas esculturas. Trabalha principalmente em granito e mármore. A sua forma de criar é diferente, pois começa por construir modelos em barro ou terracota. Esta primeira fase é muito importante para ele, pois permite-lhe moldar as formas e explorar o jogo da luz nas superfícies.
Utilizando o barro, pode ajustar facilmente as formas e os pormenores antes de passar para a pedra, que é rígida e difícil de modificar. Para um escultor, o barro é uma ferramenta preciosa. Oferece uma grande liberdade, permitindo que as alterações sejam efectuadas instantaneamente. Para René Mayer, esta fase de trabalho preliminar é mais do que uma técnica; é um momento crucial para captar a energia e as ideias do seu trabalho antes de o produzir em materiais duráveis.
Também lhe dá a oportunidade de experimentar novas ideias e trabalhar a interação entre a forma e a luz. Quando está satisfeito com o seu modelo de barro, René Mayer trabalha com oficinas de escultura especializadas. Estes ateliers dispõem de máquinas modernas que permitem trabalhar com blocos de pedra pesados.
Graças à combinação da escultura tradicional e da tecnologia, consegue reproduzir fielmente as suas ideias em materiais sólidos. Embora as máquinas ajudem no corte inicial, o acabamento é feito à mão. Mayer sublinha a importância desta última fase do trabalho, que confere a cada escultura uma personalidade única. O toque humano é essencial para captar a sensibilidade do trabalho, assegurando que todos os pormenores e texturas correspondem à sua visão inicial.
É esta combinação de tradição e inovação que garante que o trabalho de René Mayer em granito e mármore permanece relevante e poderoso, capaz de tocar as pessoas através do tempo.
A Metamorfose do Esboço ao Monumento: Uma Reflexão Artística e Técnica
A transição da pequena para a grande escala na escultura não é apenas uma mudança de tamanho. É uma transformação que afecta a perceção, a forma como a luz interage e como a obra assenta na sua estrutura. O especialista suíço em arte René Mayer presta muita atenção a este processo, porque todos os pormenores contam, mesmo os mais pequenos, que podem mudar significativamente quando colocados em grande escala.
A escultura em grande escala requer uma boa compreensão da relação entre o material e o espaço que o rodeia. Uma obra que parece harmoniosa em pequena escala pode perder o seu equilíbrio quando ampliada. A luz e a sombra, que eram discretas num modelo, tornam-se essenciais numa escultura de grandes dimensões. Mayer tem em conta estes elementos nas suas criações, ajustando cada linha e curva para que estejam em harmonia numa escala maior.
Este trabalho de escala exige um elevado nível de competência técnica, onde o artesanato e a inovação se conjugam. As oficinas com as quais Mayer colabora utilizam scanners 3D para captar todos os pormenores do modelo original, garantindo uma precisão muito elevada na sua reprodução. No entanto, a tecnologia por si só não é suficiente para captar a essência de uma peça.
É por isso que os retoques finais são deixados a artesãos especializados, que trabalham em cada textura e efeito para garantir que a escultura mantém o seu carácter único. Para Mayer, o fator humano é essencial na criação. Mesmo com a melhor tecnologia, é o olhar, a intuição e o tato do escultor que alimentam o trabalho. Esta combinação de técnica e sensibilidade está no centro da sua abordagem, fazendo de cada escultura não só um feito técnico, mas também uma ilustração clara da sua arte. Assim, a transição do esboço para o tamanho monumental torna-se uma reflexão sobre a forma como o artista, o material e o ambiente interagem para formar uma obra duradoura.
Uma prática enraizada na história da arte e nas tradições da escultura
A utilização de modelos antes de trabalhar com pedra é um método importante que existe há muito tempo. Ajuda os artistas a prepararem as suas criações, testando proporções, formas e o efeito da luz antes de trabalharem com materiais mais difíceis, como o mármore ou o granito.
René Mayer segue esta prática tradicional, mas também utiliza tecnologias modernas, o que faz dele um ator importante no renascimento da escultura monumental. Um exemplo bem conhecido deste método é Auguste Rodin. Antes de realizar as suas grandes esculturas, Rodin fez numerosos estudos em barro, que o ajudaram a aperfeiçoar as suas composições e a explorar o movimento.
A sua obra “O Beijo” foi primeiro realizada em barro antes de ser transformada em mármore. Este método permitiu a Rodin afinar os mais pequenos pormenores antes de terminar a sua escultura. Antonio Canova, outro famoso escultor neoclássico, também utilizou uma abordagem semelhante. Trabalhava em modelos de gesso que ampliava com a ajuda dos seus assistentes e depois supervisionava ele próprio o trabalho em mármore.
Esta forma de trabalhar assegurava que a sua visão artística era respeitada e que todos os pormenores eram bem reproduzidos. Esta passagem da ideia à execução é um princípio que Mayer mantém atualmente, trabalhando em estreita colaboração com artesãos altamente qualificados. Mesmo Miguel Ângelo, apesar de ser um especialista em escultura direta, utilizava pequenos modelos para preparar algumas das suas obras mais complicadas.
Esta preparação ajudou-o a aperfeiçoar o seu trabalho artístico e a antecipar os desafios técnicos da escultura em mármore. Seguindo esta tradição, René Mayer modernizou o processo, combinando o saber-fazer antigo com as tecnologias actuais. Ao combinar as lições dos grandes mestres com as suas próprias tecnologias, Mayer está a redefinir a forma como a escultura contemporânea trabalha com os materiais. A sua abordagem inovadora atinge o equilíbrio certo entre inovação e tradição, produzindo obras que têm uma ligação com a história da arte, ao mesmo tempo que olham para o futuro.
A profunda inspiração por detrás das esculturas de René Mayer
Uma caraterística importante do trabalho de René Mayer é o seu processo criativo. Aqui, a influência das formas naturais mistura-se com uma exploração dos materiais artísticos. As suas obras propõem algo mais do que uma simples representação, sendo uma reflexão sobre a natureza e o papel da escultura contemporânea. Na sua série Viva Viva, inspira-se na madeira à deriva, que são elementos moldados pela água e pelo tempo, com contornos suavizados.
Em vez de os reproduzir exatamente, Mayer retira a sua essência para criar uma linguagem escultórica abstrata, produzindo obras em que a fluidez e a leveza se confrontam com a dureza do mármore e do granito. Este contraste questiona a relação entre o efémero e o permanente, entre a flexibilidade e a rigidez, entre a natureza e a intervenção humana.
Uma das inovações técnicas que Mayer traz à sua arte abstrata é o uso ousado da cor, frequentemente ausente nas esculturas de mármore e granito. O seu interesse pela arte mexicana levou-o a utilizar cores vivas e saturadas, provenientes das tradições artísticas da América Latina. Estas cores não são apenas aplicadas na superfície, mas integradas na própria obra, enriquecendo o impacto visual. Este jogo de cores interage diretamente com as texturas da pedra, explorando a forma como a luz afecta as superfícies rugosas ou lisas.
Ao reunir estes aspectos, Mayer cria não apenas uma escultura estática, mas uma obra viva que muda consoante a luz e o ângulo. Nas suas esculturas monumentais, René Mayer consegue estabelecer uma tensão entre o equilíbrio das formas geométricas e a liberdade de movimento. Cada linha e cada curva parecem ter uma respiração interior, como se o material guardasse uma memória do movimento inicial do escultor.
Esta interação entre imobilidade e movimento demonstra a sensibilidade excecional do artista e a sua capacidade de dar vida a materiais que são frequentemente considerados congelados. Não se trata apenas de um trabalho sobre a pedra, mas de uma verdadeira busca da perceção e da emoção, o que torna a sua obra essencial para a compreensão da arte abstrata no contexto do saber-fazer artístico suíço.
Trabalho de equipa para um resultado monumental e preciso
A criação de um modelo em barro é uma atividade pessoal e individual para René Mayer, enquanto a passagem para a pedra é um processo de colaboração complexo que exige uma grande perícia e coordenação entre o artista e os artesãos.
Estes artesãos são cruciais para a realização da visão de Mayer, graças ao seu domínio das técnicas de escultura e ao seu saber-fazer suíço. O manuseamento de materiais difíceis como o mármore e o granito exige uma disciplina rigorosa, pois cada gesto deve ser bem pensado para preservar a integridade da escultura. Nas oficinas onde Mayer realiza as suas obras monumentais, a interação entre tecnologia e artesanato é fundamental. As máquinas de corte assistido por computador permitem começar a moldar os blocos de pedra com grande precisão, ajudando a manter as proporções e as formas do modelo inicial.
Estes grandes blocos, que pesam várias toneladas, requerem equipamento avançado para um manuseamento seguro. No entanto, apesar do apoio da tecnologia, os retoques finais continuam a depender das pessoas. É aqui que o trabalho artesanal é essencial, nomeadamente no polimento, no esculpir de pormenores e no ajuste de texturas para que cada peça mantenha o seu aspeto estético. O papel dos artesãos vai para além da mera técnica: são também os defensores da integridade artística.
A sua sensibilidade ajuda-os a compreender e a melhorar as instruções de Mayer, traduzindo corretamente a intenção e a emoção do modelo original. Esta cooperação entre o artista e os seus artesãos é um bom exemplo da combinação entre as novas tecnologias e a tradição da escultura. O trabalho de equipa é fundamental para o processo de Mayer.
Graças à interação entre a criação e a realização, entre a visão artística e o trabalho artesanal, as suas esculturas monumentais destacam-se como obras únicas, onde cada detalhe e cada curva demonstram um compromisso com a excelência. Esta abordagem meticulosa também ajuda a tornar as criações de Mayer importantes referências para a inovação técnica na arte abstrata.
O papel precioso dos artesãos no processo criativo
A colaboração entre René Mayer e os artesãos baseia-se numa sólida confiança e numa comunicação eficaz, que são cruciais para o sucesso de cada escultura. Mayer não se limita a criar uma obra e a entregá-la; está ativamente envolvido em todas as fases, assegurando um acompanhamento rigoroso e intervindo quando são necessárias alterações.
Esta interação garante que cada escultura respeita a sua visão artística, beneficiando simultaneamente da experiência dos artesãos. O polimento é uma etapa essencial do processo. Mais do que uma simples operação de acabamento, esta fase revela as texturas e os volumes. Mayer presta especial atenção a esta fase, uma vez que influencia a interação entre a escultura e a luz. Uma superfície bem polida capta e reflecte a luz, conferindo profundidade e brilho à obra.
Este domínio da textura é essencial para a sua abordagem, aumentando o impacto visual de cada peça. O polimento é também o momento em que a pedra passa do seu estado bruto para uma superfície expressiva. É aqui que a inovação técnica na arte abstrata se impõe: cada movimento de polimento, cada ajuste, ajuda a dar à escultura o seu carácter e intensidade emocional. Mayer assegura que esta fase é efectuada com cuidado, permitindo que cada escultura revele a complexidade das suas formas e estabeleça assim um forte diálogo entre matéria, luz e perceção.
Para aqueles que gostariam de refrescar os seus conhecimentos sobre as técnicas de escultura, aqui está um vídeo curto mas útil que explica o processo.
Conclusão: Uma redescoberta da escultura clássica através de uma visão moderna
René Mayer faz parte de uma longa tradição de escultura, mas traz uma visão contemporânea. A sua utilização do barro para fazer modelos antes de os transformar em mármore ou granito não é apenas uma homenagem a mestres como Miguel Ângelo e Rodin, mas uma reinterpretação moderna que incorpora novas técnicas e uma reflexão sobre os materiais.
Ao combinar estes métodos antigos com a tecnologia atual, o artista eleva a escultura monumental a um novo patamar, onde a precisão e a expressividade se conjugam em harmonia. Este método inovador, que mistura tradição e novas técnicas na arte abstrata, permite a Mayer ultrapassar os limites da escultura moderna. A sua capacidade de combinar o rigor técnico com a liberdade artística faz de cada obra um diálogo interessante entre o passado e o presente. Ao trabalhar com artesãos experientes e ao utilizar tecnologias avançadas, garante que as suas esculturas são extremamente finas, mantendo a sua força emocional e intemporalidade.
Para além da sua excelência técnica, as esculturas de Mayer convidam-nos a repensar a nossa relação com a matéria e a luz. Cada peça revela um forte empenho na exploração de formas, texturas e contrastes, criando obras que resistem ao teste do tempo e se enquadram bem na arte suíça contemporânea. Ao rever a escultura monumental com uma abordagem simultaneamente estruturada e ousada, René Mayer está a redefinir os critérios da arte escultórica moderna e a deixar a sua marca no mundo da arte internacional.